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Um sonho que se realiza

O mercado sepre me trouxe de volta ao Empreenda+

Marcelo Xavier – 09/06/2025, Segunda-feira

Há 10 anos, em 2015, quando recebi o Prêmio Educorp, eu havia acabado de chegar à Argentina, fazia apenas seis meses. Naquele momento, refleti: pensei em voltar ao Brasil e aproveitar as oportunidades. Algumas pessoas me ligavam, dizendo que aquela era uma excelente chance.

O que eu fiz? Tomei a decisão mais "burra" do mundo: decidi continuar estudando Medicina e montar uma empresa binacional Brasil/Argentina voltada à educação corporativa na América Latina. Montar uma rede foi fácil — o prêmio estava fresco, as pessoas queriam saber o que tínhamos feito, como fizemos e o que faríamos a seguir.

Formei uma equipe de profissionais sêniors, criei um grupo de empresas e desenvolvi a ideia de um setor administrativo para apoiá-los: elaboração de editais, gestão de equipes, contabilidade — atividades que os sêniors não podiam ou queriam executar. Isso me possibilitou montar um time forte e competente. O erro? Os sêniors tinham muitos projetos pessoais, não se envolviam a fundo. Estavam sempre viajando, dando workshops, estudando. Tinham passado para uma nova fase da vida, com outras pretensões.

O plano fracassou quando os contratos começaram a chegar. Eu me vi sozinho, tendo que produzir e pagar tudo. Quando chegou o momento de "colocar a mão na massa", eles foram se afastando aos poucos. Consumiram bolsas durante um semestre, mas no momento decisivo, alegaram que o projeto exigiria tempo demais. Foi então que aprendi: com sêniors, eu deveria atuar de outra forma — atrair, sim, mas deixá-los sempre na tangente, usufruindo de seus conhecimentos em troca de ativos, sem depender diretamente de sua execução.

Uma nova fase começou: montei um time de jovens da minha cidade natal e formatei uma proposta, que se estruturou como uma cooperativa de tecnologia. Consegui engajar, ensinar, explicar tudo — foram meses de preparação, reuniões, aulas sobre mercado, EAD, educação corporativa, e mais. Estava tudo pronto para fundarmos a cooperativa. Iríamos assinar os documentos após meu retorno de férias. No entanto, uma visita de alguns jovens à contadora gerou receios quanto às questões legais. Muitos tinham medo, os pais estavam preocupados, e o fato de eu estar online e morando fora do país pesou. Decidi recuar. Eram muito jovens. Percebi que o desafio era cultural: eu precisava de pessoas com cultura empreendedora e inovadora, com isso no sangue.

Depois, veio a pandemia. Tive que voltar às pressas da Argentina. Um mês depois da minha chegada, o país entrou em quarentena — a mais longa e severa do mundo. Por dois anos, a faculdade de Medicina permaneceu fechada. Voltar deixou de fazer sentido. Poucos meses depois, contraí COVID e fiquei muito mal. Demorei meses para me recuperar. Ao final desse processo, minha esposa engravidou. Decidimos recomeçar nossas vidas aqui e retomar nossas profissões.

Eu não queria mais saber de mercado ou dos percalços de empreender. É duro, difícil, cheio de desafios. Resolvi procurar um emprego. Coloquei meu currículo no mercado e recebi propostas diariamente, mas os salários oferecidos não condiziam com as exigências. Em todas as entrevistas, eu desistia antes do fim: não fazia sentido passar por longos processos seletivos, muitas vezes em outra língua, para ganhar o mesmo que se ganha vendendo verduras na esquina ou distribuindo panfletos.

Eu estava esgotado da programação. Ela muda com tanta rapidez que eu não estava mais disposto a virar noites para manter um conhecimento básico.

Foi então que decidi me tornar autônomo: corretor de imóveis e seguros. Era a opção. Não sobraram alternativas técnicas. Precisava aprender sobre vendas. Aprendi muito nesse processo. No primeiro dia, perguntei o que era uma "lead". Hoje, tenho uma central de vendas graças a essa experiência. Quando entendi como captar leads e as dificuldades das empresas nisso, vi um mercado. Aí, sim, minha veia de programador fez diferença. Estudei tudo e isso virou uma empresa de outbound marketing — mas essa é outra história.

Com mais domínio sobre comercial e vendas, estando na MRV, recebi a ligação de um presidente de ONG com um bom projeto e grandes pretensões. Ele era bem articulado e colocou diversos projetos na mesa — com uma necessidade real de captação de recursos.

Comecei a estudar o tema e descobri a ABCR (Associação Brasileira de Captadores de Recursos). Vi que era uma profissão. Decidi: era isso que eu queria fazer. Já sabia elaborar editais, captar leads, montar equipes e gerir pessoas. Era só estruturar.

Mas, como a maioria das ONGs, a dele não tinha presença digital. Sem branding, sem logo, sem nada. Vi ali a oportunidade de criar um grupo de ONGs movimentando ativos em conjunto, sustentado por empresas. Sendo ONGs, seria fácil atrair voluntários e contar com sêniors na tangente, sustentando tecnicamente as ações.

O modelo funcionou. Iniciei os trabalhos, e deu certo. Equipes, projetos, ONGs, empresas, profissionais liberais, estagiários, jovens aprendizes — todos se aproximaram. Não havia recursos iniciais. Eu mesmo captei contratos, executei com um time, e reforcei outros projetos para sustentar o tempo de maturação das ONGs e posterior captação de recursos.

Na África, no Senegal, iniciei um núcleo. As dificuldades com internet eram enormes. Fiz parceria com uma universidade que cedeu um laboratório, mas ainda assim a conexão inviabilizou a continuidade. Aproveitei para unir as ONGs e começar a escrever editais e pedir patrocínio para formalizar e ampliar as ações já em andamento. Muitas ONGs foram aceleradas apenas contando suas histórias.

A surpresa: várias ONGs estavam com documentação irregular. Outras nem existiam formalmente. E a própria ONG-sede, formada por advogados, colocou tantos entraves burocráticos que perdemos editais, inclusive um de US$ 2 milhões para projetos de formação na África — e isso com apoio de professores universitários.

Foi quando entendi: eu precisava fundar minha própria ONG. Cometi um erro ao tentar envolver amigos fora do ramo. Não entenderam, me desgastei e tive que abortar. Decidi, então, que precisava de um corpo diretivo destemido, com cultura de inovação, empreendedorismo e tecnologia.

Fui ao Hub Salvador, me instalei e comecei a fazer networking.

O que eu não esperava, depois de tudo isso, era conhecer Alex Fontes, sua família empreendedora, pessoas anos-luz à frente, que me fizeram sentir uma ervilha, com sede de aprender. Imediatamente, comecei os trabalhos. Trouxe minhas experiências e coloquei em prática. Por um lado, foi fácil.

Por outro, o desafio era conquistar espaço. Em novembro de 2024, apresentamos ao Hub o projeto Inova Salvador. A apresentação está aqui: link. Falamos da plataforma Atados, que seria crucial. Hoje, ao acessar o portal www.empreendamais.org, é possível ver que tudo foi executado, expandido, com mais ideias e aplicações. Foi a execução britânica de um plano.

A proposta de envolver empresas do Hub foi bem recebida — esse é o espírito do ecossistema — mas havia desafios. O apoio dos residentes nos fortaleceu diante de fracassos e perdas. Trabalhamos intensamente entre outubro e dezembro para iniciar janeiro de 2025 com força total. Porém, os dois primeiros meses foram difíceis. Variáveis fora do nosso controle atrapalharam. Em março, ao cruzar a catraca do Hub, percebi que já se passavam seis meses de organização — e nada ainda havia começado de fato.

A solução: focar no IFAM, abrir o PEI e o Empreenda+, organizar o Acelera ONG e iniciar os eventos — nossa força motriz. Mas havia um desafio crítico: o setor de TECNOLOGIA. Sem ele, nada podia começar. Depois de meses de processos seletivos e cafés empresariais, nada servia. A vaga de estágio aberta há meses só seria preenchida por alguém que soubesse manipular um servidor.

Foi então que surgiram Sérgio Luiz (UCSAL), via InfoJobs, e Eduardo Trevezani (Lintech Digital), através de um disparo de WhatsApp. Me conectei com Jonathas David, que me levou à Lintech. Foi match certeiro: uma empresa sênior de programação engajada, um estagiário motivado e em rede com a UCSAL. Sabia que não ficariam de fora do E+.

A partir disso, coloquei gás em tudo. Alex pegou a visão, moveu sua carteira e começamos a fechar contratos e faturar. Assim, com sucesso, chegamos ao dia 06/06/2025, uma sexta-feira, quando fundamos definitivamente o Empreenda+.

Em Diário E+

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